quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Porque preciso agradecer

Eu adoro retrospectivas. Não sei bem porquê, não é questão de nostalgia. Eu gosto e pronto.

Na vida, a maioria das pessoas tende a lembrar mais das coisas ruins que aconteceram num ano, do que das coisas boas. E quando se lembram das coisas boas, é porque foram fatos realmente marcantes, como um casamento, o nascimento de um filho etc. Raramente, ao fazermos uma retrospectiva da nossa vida, valorizamos o que é aparentemente trivial, mas fundamental para a felicidade do ser humano.

Dar valor a ter passado mais um ano vivo. E com saúde.
Agradecer a Deus por ter comida à mesa todos os dias.
Por ter um lar e cobertas para proteger do frio.
Por ter os pais vivos e próximos.
Por chegar em casa e ser recebido por uma montanha de pelos, o melhor amigo do homem.
Por ter amigos, poucos e bons.
Por ter estudado, por ter uma profissão.
Por saber ler! Quantos não sabem?
Por ter força física para praticar exercícios.
E força mental para suportar quando as coisas não dão certo.
Por ter paciência, no trânsito e na vida.
Agradecer por acreditar em algo maior, independente de religião. Por crer que a vida não é só isso.
Por ter paz de espírito, ou estar em busca disso.
Tenho tantas coisas pra agradecer que certamente não me lembro de todas.

Às pequenas grandes coisas da vida, um brinde!

Feliz 2011!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O essencial do amor

O namorado tinha ficado de ir à sua casa, mas ligou, avisando que um amigo com quem quase nunca encontrava o tinha chamado pra papear. Queria saber se ela, a amada, ficaria chateada se ele deixasse de vê-la naquele dia, que se veriam no dia seguinte. Ficou aliviado quando ela concordou, sem problemas.

Cena rara no cotidiano dos casais. E se fosse comigo? Por favor! Eu ficaria chateada se ele não saísse com o amigo!
Acredito que relacionamento é liberdade. É também muitas concessões pelo outro, desde que ceder não fira o livre arbítrio de cada um. Imagine só se eu ia querer que o homem que eu amo fosse me encontrar, sabendo que a vontade dele era de, naquele momento, estar com o amigo! Estranho é quando se vive em função do outro, deixando de lado as próprias escolhas.

O que não falta é casal que brigaria por esse motivo. Ela diria que ele prefere o amigo ao namoro. Ele se defenderia, dizendo que estão sempre juntos, e que com o amigo é vez por outra. Por fim, para evitar maior aborrecimento, ele diria não ao amigo e iria à casa dela, e brigariam por um motivo outro qualquer, afinal, não era ali que ele queria estar naquele momento.

É um tal de mandar e desmandar no outro que eu não entendo. Fala-se muito sobre a necessidade de ceder nos relacionamentos, e muito pouco sobre a liberdade que cada um tem, deveria ter, precisa ter. Ninguém é dono de ninguém, e o fato de cada um poder fazer o que bem entende é excelente para nos lembrar de que a conquista mútua deve ser constante, diária.

Quem acha que só porque conquistou, tá conquistado, é meu e ninguém tasca, e por isso evita o risco, ou seja, não quer que o outro saia com os amigos, que viva sua vida, achando que dessa forma está mais seguro, engana-se. A necessidade de aprisionar o que se ama é falta de amor próprio. É sendo livre que podemos fazer as melhores coisas da vida, entre elas, amar e ser amado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O que será do amanhã

No Jornal Nacional, a Fátima Bernardes perguntou ao governador Sérgio Cabral se os cariocas podem esperar que amanhã seja um dia melhor e mais tranqüilo do que foi hoje. Ele não afirmou nem que sim, nem que não, claro. Ninguém pode prever.

Nos últimos dias, a população do Rio sai de casa sem saber o que esperar. Mas sempre foi assim. Só que com os ataques mais recentes, o medo fica mais latente. Eu mesma, que não sou de me apavorar, hoje tive medo. Desmarquei compromissos. Voltei pra casa mais cedo. E no caminho de volta, ouvindo as notícias pelo rádio, chorei. Chorei muito, choro que misturava agonia e tristeza.

Quando será que isso vai acabar? E se vai?

Estava claro que essa guerra ia estourar em algum momento. O fato de termos alguns momentos mais calmos no Rio nunca significou que a cidade estava em paz. Só que como ninguém tomava uma atitude, a coisa não melhorava, mas também não piorava. Os bandidos nunca se sentiram ameaçados. E assim íamos vivendo, como se não fosse com a gente.

Agora, é diferente. As UPPs tiraram os criminosos do morro, mas não se pensou no que fazer com eles. E se fossem presos, também não sei se ia melhorar alguma coisa. Desde quando alguém consegue sair regenerado de cadeia no Brasil?

Eu acredito que a situação possa melhorar. Acredito mesmo. Mas o que precisará acontecer para chegarmos lá, me faz tremer. E temer.

Que Deus nos proteja! É o que nos resta.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ser ou não ser, eis a questão – ou sobre como questionar é preciso

Na foto: O Pensador, de Rodin

Não há um dia que passe que eu não veja surgir, em algum momento, um papo sobre insatisfação profissional. Alguém que converse comigo, amigos que papeiem ao meu lado, revistas que discorrem sobre o tema. Insatisfação minha, sua, nossa.

Insatisfação de vestibulandos que não sabem que curso escolher na faculdade. De estagiários que se sentem explorados na empresa em que, supostamente, estão para aprender, mas não aprendem. Pessoas em início de carreira que não sabem que rumo tomar. Gente com anos de experiência que se questiona se tomou o rumo certo. Em qualquer etapa da vida, todos estamos sujeitos a essa dúvida.

Creio que isso só não acontece com quem não faz o exercício de olhar pra própria vida e refletir sobre ela. Só não acontece com quem se acomoda numa vidinha mais ou menos, que não lhe dá nenhuma satisfação, mas também não lhe desagrada. Então, pra que mudar, não é mesmo?

Precisa ter coragem um executivo que passa a vida toda fazendo a mesma coisa para, só no fim da carreira, perceber que desperdiçou seu tempo em algo que não lhe acrescentou nada como ser humano. Coragem para manter a vida na mesmice ou coragem pra mudar de rumo?

Recentemente li em uma revista a história de um alto executivo de uma multinacional, que ganhava em torno de R$ 100 mil de salário e tinha bônus altíssimos, e que aos 50 anos decidiu largar o emprego estável para se dedicar à plantação de vegetais sem agrotóxicos no interior de São Paulo. Na reportagem, ele conta que foi duramente criticado: por seus colegas de trabalho, por profissionais do mercado que julgavam que ele tinha o cargo dos sonhos, por sua família, que estava acostumada a não vê-lo questionar o que já vinha fazendo há trinta anos. De repente, ele se questionou. Nunca é tarde. Mas o diferente sempre causa estranheza.

Perguntado sobre o real motivo de sua decisão, o antes executivo disse que simplesmente nunca tinha se questionado sobre sua vida, sobre o que realmente importava para ele. Disse que depois de dedicar trinta anos de sua vida a uma empresa, percebeu que neste mesmo período não havia dedicado tempo igualmente significativo à sua família, à sua saúde, à prática de esportes, ao lazer. Enfim, ao que realmente importava. Ele achava tão normal sua rotina de 12 horas de trabalho diário, em média, achava comum ver tão pouco sua esposa e seus filhos, que simplesmente não questionava nada disso. Quando o fez, não conseguiu encontrar uma opção meio termo, tomou tanto horror por sua vida até ali que só enxergou a possibilidade de largar tudo e começar nova vida.

É claro que não é necessário ser radical. Nem sempre temos somente uma saída. Ao contrário, às vezes há tantas opções que o problema é justamente a falta de foco. Seja como for, questionar é preciso. É fundamental.

Quando vejo à minha volta tanta gente incomodada com a vida que leva, não consigo achar isso tão ruim quanto a maioria pensa. Ruim é se acomodar. É claro que aflige um pouco quando a gente não sabe que rumo tomar na vida profissional, ou em qualquer outro segmento. Mas tão ruim quanto isso é não questionar, nunca, o modo como você vive. Quem se incomoda com o rumo que a vida tomou, ou que ainda não tomou, pelo menos está vivendo de verdade, e não apenas existindo.

Em tempo: o ex executivo da reportagem diz que em sua horta, é a primeira vez que se sente fazendo algo que realmente tem um propósito. E que não podia estar mais feliz.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Voto (in)consciente

Sempre achei que nós, eleitores, temos a obrigação de votar consciente. Nunca votei por votar e não anulo voto de jeito nenhum. Entretanto, nunca tinha me motivado a pesquisar a fundo sobre candidatos. Mas está cada vez mais fácil se informar: a Veja tem prestado um excelente serviço à população, a exemplo do que a ONG Transparência Brasil já faz há algum tempo, mas poucos sabem.

Nessas eleições, resolvi exercer a fundo o meu direito de cidadã e assistir aos programas eleitorais (mesmo que não determinem nada), entrar em sites de candidatos para ler suas propostas, discutir sobre política, pesquisar a ficha dos que tentam se reeleger. No embalo, estou assistindo aos debates com maior empolgação e, principalmente, visão crítica. Ainda bem!

O último debate com os principais candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro acabou agorinha. Ao longo dos quatro blocos do programa, constatei algumas coisas. Cabral, o favorito, definitivamente é um político sabonete. Sabe aproveitar sua posição de bom orador para escorregar de simplesmente todas as perguntas relevantes que lhe são feitas.

Mesmo de terno, que nada tem a ver com seu jeito de se vestir, Gabeira imprimiu seu mau gosto em sua gravata: o que é isso, companheiro? Talvez tenha se sentido tão mal dentro da roupa que, desta vez, mal se posicionou no debate.

O destaque da noite, na minha opinião, foi o candidato Peregrino... o que é o Peregrino? Não parou de falar da casa do Cabral, me deixando com a sensação de que ele tem uma enorme dor de cotovelo por nunca ter sido convidado para ir até lá. Derrubou copo, atacou o Cabral – o que talvez tenha sido a grande vantagem de tê-lo entre os três a serem ouvidos. Mas doeu ouvi-lo dizer, por várias vezes, que a mansão do Cabral foi “resistrada"... por um minuto achei que já era quinta-feira, dia do debate com os candidatos à presidência, e que a Dilma estava discursando. Ui!

O golpe final foi o tom de “puxão de orelhas da mamãe no filhinho” que o Peregrino usou em relação ao Cabral. "Olha, Cabralzinho, isso não se faz, hein? Coisa feia!". Sim, o Cabral faz muitas coisas feias. Mas é um excelente orador, e para muitos eleitores isso basta. Infelizmente. No fim, nenhum candidato falou concretamente de suas propostas. Os eleitores perdem.

Mas perde mais quem nem se dá ao trabalho de assistir a um debate para formar sua opinião. O que mais me chamou a atenção hoje não foi o discurso dos candidatos. Enquanto eu trocava ideias sobre o debate com alguns poucos amigos com o mínimo de consciência política, a maioria esmagadora do meu facebook falava sobre a estreia do reality show “A Fazenda”, na Record.

Devemos respeitar todos os gostos, e concordo que a política nos faz rir também, mas se no último debate pra governador do Rio as pessoas dão preferência a um reality show que nem famosos tem, é porque a coisa está realmente feia. Provavelmente, essas são as mesmas pessoas que dizem que vão anular seu voto, “porque nenhum candidato presta mesmo”.

De fato, cada povo tem o governo que merece.


Pesquise sobre os candidatos em
www.transparencia.org.br

domingo, 5 de setembro de 2010

A grama do vizinho

Volta e meia me pego pensando nos motivos que nos levam a somente dar valor a algo quando o perdemos. Pode não ser exatamente um modo de pensar, mas é um modo de agir do ser humano que nos ronda nas mais diversas situações, como um mantra que não repetimos verbalmente, mas o qual cumprimos à risca: “só dá valor quando perde”.

Serve pro cara que era grosso com a namorada, e quando percebeu que ia perdê-la, se disse disposto a mudar (já era tarde). Funciona pra quem nunca tinha tempo pra se encontrar com os amigos, e uma vez morando longe deles, daria tudo para ter com quem tomar uma taça de vinho. Pro chefe que nunca elogia um funcionário e só nota o quanto ele era competente quando recebe sua carta de demissão. Se aplica aos filhos que só percebem que nunca disseram que amavam seus pais quando estes já partiram pra outro plano. Olhando ao redor, acho que isso é quase inerente ao ser humano. E me pergunto: por que a gente é assim?

“Difícil é amar o que se tem”. Ouvi esta frase em algum lugar, e agora ela não me sai da cabeça. Trocando em miúdos, a grama do vizinho é sempre mais verde. Só damos valor quando perdemos. E não só nos relacionamentos; sofremos desse mal praticamente em nosso dia a dia.

Quem mora longe da praia, enumera tudo o que faria se morasse à beira-mar, e que só não realiza porque mora no subúrbio. Um dia, quando se muda, se esquece das promessas que fez a si mesmo e mantém sua velha rotina, mesmo num novo lugar. O problema era o bairro ou a pessoa?

A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, tem suas desvantagens, como qualquer outra. Mas tem um milhão de coisas bacanas também. Quem não mora aqui não consegue entender como muitos cariocas passam a vida toda sem ir ao Cristo Redentor, ao Pão de Açúcar, ao Jardim Botânico. Lugares que muitos de nós só passam a conhecer quando recebem hóspedes de fora.

Da mesma forma, às vezes precisamos que alguém elogie nosso amado para percebermos o quanto ele é, de fato, bonito. Por que será? Por que precisamos da validação dos outros para dar, enfim, valor ao que temos?

Obviamente, não tenho essa resposta. Mas vale lembrar que a vida é feita de escolhas, como bem diz outra frase feita. E que cabe a nós mesmos escolher a alternativa de valorizar o que temos, enquanto temos. Porque um dia a gente pode mudar de cidade, e só então vamos sentir falta daquele cheiro que só o lugar onde a gente viveu a vida toda tem. Quando não virmos mais um velho amigo, vamos perceber como era bom ouvir suas piadas. Se a vida seguir seu curso natural, nossos pais se vão antes de nós, e aí sentiremos falta do seu colo, aquele que não aproveitamos enquanto podíamos.

Um dia as cortinas se fecham, a chuva cai, a porta bate, o avião decola. Quem a gente ama, se vai. A grama do vizinho só é mais verde quando teimamos em enxergar a nossa vida em preto e branco.

domingo, 29 de agosto de 2010

Este blog pode virar livro!

Queridos leitores,


Em ano de eleição, eu também peço seu voto, mas é pro blog! Por indicação de alguns amigos, o Vinho com Batata foi inscrito no concurso "Este blog pode virar livro". E pode mesmo! Mas para isso, preciso da colaboração de vocês.

Quem acha que as histórias do Vinho com Batata merecem um livro, basta votar no selinho ao lado (a figura acima é meramente ilustrativa, a que está do lado direito do site é que redireciona pra página do concurso). Cada um pode votar quantas vezes quiser!

Conto com vocês!

Um beijo, Carol.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pais e filhos


Dia desses estava assistindo à reprise da novela Por Amor, do Manoel Carlos. Vocês se lembram? O mote central é o drama de Helena, personagem de Regina Duarte, e sua filha Eduarda (Gabriela Duarte) que, recém-casada, perde o bebê que esperava. Meses depois, engravida novamente. Helena, vivendo um novo relacionamento, acaba engravidando também, e as duas vão juntas para a maternidade para ter seus bebês. Eduarda perde novamente o bebê, e Helena, para que a filha não sofra, decide lhe dar seu filho, que nasce sadio, fazendo com que todos pensem que a criança de Helena é que não sobreviveu.

Embora esta seja uma história sobre mãe e filha, como essa é a semana do Dia dos Pais, fiquei pensando sobre essa relação entre pais e filhos de um modo geral; tão intensa, tão especial e, por vezes, tão problemática. Mesmo sabendo que causaria muito sofrimento ao seu marido, que estava louco pra ser pai, Helena lhe tirou esta felicidade ao entregar seu filho à Eduarda, para que a jovem não passasse novamente pela dor de não conseguir ser mãe. A justificativa era o amor de mãe falar mais alto, Helena querendo poupar Eduarda de mais uma frustração.

Como em reprise de novela tudo acontece muito rápido, capítulos depois o bebê já estava em casa, com a vida de todos voltando ao normal. E aí, Helena aparece como a avó que, sabendo-se mãe da criança, quer se meter integralmente na educação que Eduarda e o marido dão ao bebê. Achando que tomou a decisão correta ao entregar seu filho, Helena provavelmente vai criar um problema maior para Eduarda do que a sensação que ela poderia ter tido de frustração por não ser mãe. Interferindo na educação da criança, vai acabar se metendo também na relação de Eduarda com o marido. Há uma cena em que Helena liga para a casa de Eduarda e Marcelo, a babá atende e avisa que o casal saiu. Helena se revolta, julgando absurdo que os pais tenham deixado a criança sozinha, e vai tirar satisfações com Eduarda, achando ser um direito seu, pois ela fez muito pela filha!

Achando que estava fazendo um bem, Helena vai complicar muito as coisas, para a filha e para o “neto”. Nem entro no mérito do crime que ela cometeu, basta pensar no quanto sua atitude supostamente “generosa” pode acabar se revelando extremamente egoísta. Mesmo sem querer, é claro que de alguma forma Helena vai cobrar o agradecimento da filha e da própria criança, sendo que nenhuma das duas pediu que ela tomasse tal atitude, e sequer sabem da verdade. A babá que Eduarda contratou é uma indicação de um desafeto de Helena, e isso bastou para que ela se sentisse traída pela filha, mostrando o que vem pela frente.

Dia desses, ouvi em algum lugar que os pais nunca devem cobrar dos filhos o que fizeram por eles. Nem seria justo! Como um filho poderia compensar todo o amor, todo o cuidado que recebe dos pais?

Eu ainda não tenho filhos, mas tenho a Belinha, que não exige que eu troque fraldas nem que a ensine a falar, mas me exige um espírito de renúncia muito grande também. Deixo tranquilamente de viajar se não tiver com quem deixá-la, o que considero muito natural, já que eu é que optei por tê-la na minha vida. E o amor que ela me dá é a única retribuição de que preciso.

Toda a renúncia que ser pai e mãe requer, noites mal dormidas, o apoio, o carinho, o sustento... nenhum filho neste mundo, por melhor que seja, pode retribuir o que os pais fazem por ele, por mais que reconheça e seja agradecido. Porque filho só pode ser isso mesmo: um filho! Não pode estar fadado a ser o companheiro dos pais porque estes lhe deram a vida. O que os pais dão aos filhos não pode ser retribuído à altura nunca. É uma conta matemática que não fecha, cujos resultados nunca batem. E esperar isso de um filho não é natural e nem amor de pai/mãe; é no mínimo injusto. Ame sem esperar nada em troca. Assim é o verdadeiro amor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fale sobre você

Hoje eu precisei fazer uma breve descrição de mim. Não queria relatar os cursos que já fiz, pois mesmo os que mais me acrescentaram, não foram decisivos na formação da minha personalidade.

E daí se me formei e fiz pós-graduação? Claro que não foram em vão, muito pelo contrário, mas isso não diz nada sobre mim. Nem uma vírgula da minha história.

Então, saiu isso aqui:

Tenho 26 anos e me formei em Publicidade, mas quem convive comigo teima em dizer que sou jornalista. Talvez porque textos e palavras sempre permearam tudo o que eu faço.

Sou aquela que não dá um presente de aniversário sem estar acompanhado por um cartão. E que não seja daqueles pequeninos, que é pra eu escrever bastante.

Sou a filha que faz discursos nos aniversários dos pais.

Sou a noiva que escreve todos os dizeres do seu casamento.

Sou amante de escrever sem me denominar escritora, porque ainda falta muito pra que me chamem assim. Mas certamente não há nada completo na minha vida sem estar bem acompanhado por palavras.

domingo, 16 de maio de 2010

Papo de amiga

Era domingo de sol. Duas amigas almoçavam animadamente, colocando o papo em dia. Uma delas, recém saída de um namoro sofrido, contava radiante para a outra sobre o rapaz que acabara de conhecer. Estava super empolgada e dividia cada detalhe com a amiga ouvinte, que adorava vê-la feliz daquela maneira. Já não era sem tempo!, pensava a amiga que tantas vezes a consolara.

Enquanto uma falava, a amiga que ouvia se lembrava do papo da semana anterior, quando o novo rapaz ainda não tinha surgido e a amiga estava melancólica, ameaçando chorar cada vez que pronunciava o nome do ex namorado. E não foram poucas vezes.

Passada uma semana e, como em um passe de mágica, tudo havia mudado. Milagre? Claro que não. Essa é a coisa incrível do tempo. Ele pode não ser o maior responsável por grandes mudanças, mas colabora muito para cicatrizar feridas.

Na verdade, a amiga já estava era cansada de sofrer. Já tinha se decidido a ser feliz, só lhe faltava coragem, quem sabe um empurrãozinho. Agora, não faltava mais: estava encantada com um novo rapaz!

Conversaram sobre a sensação libertadora que é interessar-se novamente por alguém após um rompimento amoroso. Indescritível. E maravilhoso. E sobre como estamos sempre tão ansiosos à espera do próximo acontecimento, do próximo convite, do próximo beijo, que muitas vezes nos esquecemos de aproveitar cada momento no exato momento em que eles acontecem. Curtimos o presente quando ele já se tornou passado, sempre à mercê do que o futuro nos reserva.

Despediram-se. Abraçaram-se. E independente se o novo romance ia vingar, o que importava era que ela estava livre e bem consigo mesma. A amiga, ao ouvir cada detalhe daquela nova história de amor, sentia-se orgulhosa pela outra, que finalmente estava determinada a ser feliz. Decisão esta que, possivelmente, era a mais importante da sua vida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Use sem moderação?

Na vida há um montão de sensações ruins. A sensação que fica na boca quando chupamos uma bala azedinha. A sensação de estar esquecendo algo quando sai de casa – e a certeza de que esqueceu mesmo o celular, quando mais precisar dele. A frustração ao chegar na aula que você mais ama no mundo e constatar que o professor faltou. A sensação de vazio que fica quando um amigo parte. Tem também uma sensação terrível, que eu ainda não havia experimentado – a sensação de ter sido usada.

Claro que é possível se sentir usado na vida pessoal. Deve ser péssimo perceber que aquela amizade não era verdadeira, ou que o namoro tinha na sua maior motivação um interesse além do amor. Mas nem por isso é menos chato perceber que foi usada como profissional.

Todo mundo sabe que o mercado de trabalho é regido por um constante jogo de interesses. E mesmo não sendo a maior expert no assunto, sempre achei que tivesse jogo de cintura para lidar com esse tipo de situação. Mas descobri que há uma diferença, que é, ao mesmo tempo, bem tênue e enorme, entre usar e abusar.

Dizer que usou alguém é feio sempre, não importa o caso. Mas quando você faz isso com o consentimento do outro, pode ser benéfico pra ambos. Por exemplo: você está procurando emprego e sabe que o primo de um amigo trabalha na empresa dos seus sonhos. Aí, você explica claramente ao amigo a sua necessidade e pede que, em uma oportunidade que surja, ele apresente você e o primo, para tentar uma indicação. Todos, inclusive o primo da empresa, sabem o que está se passando. Ninguém está sendo enganado. Todos estão apenas se beneficiando de uma rede de contatos. Supernormal.

O problema é quando uma das partes não sabe que isso está acontecendo. Perceber-se em uma situação para, depois de um tempo, entender que não era nada daquilo que haviam te dito. Claro que houve sinais de que a coisa era estranha, mas você não percebeu porque estava muito ocupado tentando desempenhar bem a parte que lhe cabia. E quando acha que é chegada a hora de brilhar, puxam seu tapete sob um pretexto qualquer, porque você não é mais útil; já te usaram pro que queriam ser o menor pudor.

É uma pena atitudes assim, mas tem aos montes. Fico triste de verdade. Mas aí, me lembro das inúmeras boas sensações que a vida também tem. A de comer chocolate. A de beijar. A de amar e ser amada. A de ter amigos. A de se sentir útil, mas não para ser usado, é claro.

E aí, esqueço o gosto de bala azeda na boca.

sábado, 27 de março de 2010

Desvendando o Vinho com Batata



No universo dos blogs, é comum dar e receber selos, que funcionam como "atestados" de que um blogueiro recomenda o outro. E eu ganhei um selinho da C. Lisdália, do http://peripeciasdakaa.blogspot.com/. Obrigada, adorei!

A tradição manda que cada blog que recebe o selo responda a algumas perguntinhas. No meu caso, foram estas:

Por que resolveu criar o blog?
O que te dá mais prazer em blogar?
Qual assunto você mais gosta de postar?
Por que escolheu esse nome para o blog?
Você costuma visitar outros blogs?

Preparados? Vamos lá:

Por que resolveu criar o blog?

Eu sempre adorei escrever, mas acabava não fazendo isso com freqüência. Até que uma amiga criou um site relacionado a moda (que não está mais no ar) e me convidou para escrever alguns textos sobre o assunto (vocês podem conferir os textos dessa época aqui no blog. São os primeiros do arquivo). Gostei da experiência porque me fez lembrar do quanto eu amo escrever e notar que estava deixando isso de lado por não ser um compromisso. Nunca parava para escrever, a não ser em cartões de comemoração (quem me conhece, sabe: raramente dou presentes sem um cartãozinho fofo). Conforme comecei a escrever novamente, meus sentimentos, minhas percepções, tanta coisa começou a aflorar... que já não cabiam mais num site onde a ideia era escrever sobre moda. Pedi licença à minha amiga e resolvi criar o Vinho com Batata para escrever o que me der vontade.

O que dá mais prazer em blogar?

Quando eu termino um texto, releio e me sinto orgulhosa de tê-lo produzido, é um barato. Adoro quando recebo comentários que me revelam outros pontos de vista sobre o que eu escrevi, ou quando pessoas contam o quanto o texto mexeu com elas, lembrando que já passaram por situações semelhantes... quando quem lê meu texto se identifica com ele, essa é a maior recompensa para mim.

Qual assunto você mais gosta de postar?

O Vinho com Batata é uma reunião do que eu penso, do que sinto, do que percebo. Gosto quando uma situação simples do dia a dia me suscita algum pensamento e me faz escrever. E é assim que a maioria dos meus textos toma forma.

Por que escolheu esse nome para o blog?

Não sei se é porque meu nome é composto (Maria Carolina), mas eu sempre adorei nomes compostos, expressões no lugar de palavras. Quando criei o blog, pensei em alguns nomes para ele nessa linha. Estava mais preocupada com a sonoridade do que com decidir po um nome relacionado aos assuntos que eu abordaria, porque eu queria justamente o contrário, não abordar um tema só. Essa não era uma preocupação. Queria algo inusitado, que representasse a mistura de pensamentos e sentimentos que eu faria no blog. Cheguei a três nomes e pedi opinião a amigos. E assim surgiu o Vinho com Batata, que apesar do nome, não fala sobre gastronomia – mas pode falar, se quiser. E esse é o grande barato.

Você costuma visitar outros blogs?

Claro! Quando fico um tempo sem acessar a internet, fico louca para pôr as postagens dos outros blogs em dia. Adoro ler o que outras pessoas pensam e a internet é uma ótima ferramenta para isso. Não é raro ler algo em outro blog e me sentir como se tivesse sido escrito por mim, de tanto que me identifico. Alguns deles estão relacionados na seção “Dê uma espiadinha”, aqui no Vinho com Batata.

Gente, adorei isso! Tomara que vocês tenham gostado das descobertas também!
Siga-me no twitter: www.twitter.com/vinhocombatata

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O B de bom do BBB

Maria Carolina Medeiros


Muita gente (diz que) detesta o Big Brother, mas gostando ou não, tem uma hora em que todo mundo devia assistir, nem que seja pra saber do que está falando mal. Um programa que recebe quase 80 milhões de votos para que um de seus participantes saia - considerando que muitos espectadores não votam, quantos milhões devem assistir ao BBB? -, este que já foi encarado como lixo da TV brasileira merece que dediquemos alguns minutos falando a seu respeito.

Tem gente que adora. Outros dizem que nunca viram, nem de passagem, zapeando com o controle remoto. Eu acho que a maioria assiste, pelo menos de vez em quando, e não admite. Confesso: estou acompanhando este BBB 10, assim como fiz com vários outros. E os que eu não vi tinham participantes totalmente sem sal, que não me provocaram nenhum interesse. Mesmo assim, sempre tive noção do que estava acontecendo na casa mais famosa do Brasil.

É por isso que acho tão curiosa a postura extremista de quem diz que não assiste ao BBB por nada neste mundo e que abomina quem vê, tachando-os de desprovidos de inteligência. Ok, não se trata de um conteúdo que acrescente muito às nossas vidas, mas continuo pensando que pessoas bem informadas têm o dever de saber o que se passa em um programa que é assistido por umas 100 milhões de pessoas, se não por mais!

Cursei Comunicação na faculdade e tinha uma professora mais-intelectual-impossível que defendia que todos deviam assistir aos chamados lixos da TV brasileira de vez em quando. Segundo ela, em vez de abominarmos programas que não prezam pelo desenvolvimento intelectual, precisamos, no mínimo, saber o que estamos criticando. Nem que seja para opinar com consistência quando o assunto é BBB numa roda de amigos.

Acho interessante ver como pessoas normais, que podiam ser nossos amigos, se comportam em situações limite. Tornam-se mocinhos ou vilões por uma palavra mal dita, ou porque falaram mal de outro participante. Na vida real, sabemos que gente fofoqueira não falta, todo mundo conhece alguém assim. Mas no BBB há câmeras, e câmeras não mentem jamais (será?).

Leio mais livros que a maioria. Sinto prazer em pensar. Sou até meio CDF. Converso sobre tudo. Tudo, incluindo BBB. E não me sinto menos inteligente por isso.

No dia a dia, todos nós passamos por situações semelhantes às que acontecem lá dentro com os participantes. Temos que conviver com pessoas que não têm nada a ver com a gente de vez em quando, nos irritamos porque a voz de uma é estridente, amamos e odiamos com a mesma intensidade. A grande diferença é que essas chatices acabam diluídas na nossa vida, porque há compensações quase instantâneas. Um dia ruim no trabalho é compensado pelo carinho do marido. A briga com o namorado é esquecida num bate papo divertido com os amigos. No BBB não dá pra ser assim: ame ou odeie, tem de conviver com aquelas pessoas por longos meses.

O nome é BBB, mas podia ser No Limite, porque lá dentro, pelo que eu vejo como espectadora, é assim o tempo todo. E acaba sendo um prato cheio não só pra quem quer ver o circo pegar fogo, mas também pra gente se identificar com algumas coisas, rejeitar outras, mas principalmente observar pessoas que parecem tão diferentes de nós quando, na verdade, não são: só estão expostas a situações extremas de uma só vez, o tempo todo.

Abaixo os pseudo-intelectuais que criticam o BBB sem olhar pelo seu lado antropológico. Viva a diversidade humana, a podridão que aflora sob tensão. Viva o BBB com suas bizarrices que nos fazem, muitas vezes, encarar nosso reflexo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Dormindo com o inimigo


Maria Carolina Medeiros


Dizem que quem analisa uma situação “de fora”, sem estar envolvido, consegue ser mais realista. Mas por outro lado, sem envolvimento é fácil falar. De um jeito ou de outro, quando a gente vê algo acontecendo com os outros e percebe claramente algo que quem está participando não vê, dá uma certa agonia. Vontade de se meter, de dizer pro outro: ei, acorda!

Mesmo quem não for noveleiro vai entender o que estou dizendo. É que quando eu vejo a Helena (Taís Araújo), de Viver a Vida, ser absurdamente traída pelo metido a galã do José Mayer (alou, seu tempo acabou!), me dá vontade de entrar na TV e dizer a ela pra não se sentir culpada por dar um beijinho no Thiago Lacerda (esse sim, galã de verdade). Contar pra ela que o marido dela faz coisa muito pior. Não que eu seja adepta do “olho por olho, dente por dente”, muito pelo contrário. Mas me dá raiva vê-la levando tão a sério uma relação com um cara completamente galinha, e perdendo a oportunidade de dar-lhe um pé na bunda e viver pra sempre com o Thiago Lacerda, quer dizer, com o Bruno (personagem que ele interpreta).

Aí é que eu paro pra pensar. Será mesmo que Helena não vê nada? É claro que ela não sabe concretamente das traições do marido, mas será que não percebe mesmo com que tipo de pessoa ela dorme e se levanta todos os dias? Pode não saber que ele é infiel, mas sabe sobre sua deslealdade, sobre sua falta de companheirismo, sobre suas grosserias e sua ausência constante.

Sempre que alguém me conta algo muito bizarro, como uma relação que terminou e um dos dois ficou totalmente sem chão porque não esperava (mais um desavisado), uma esposa que descobre, repentinamente, que o marido tem outra família há 10 anos, coisas assim, que parecem normais na nossa sociedade louca mas ainda me assustam e vão assustar a vida inteira, eu penso. Penso que não é possível que a pessoa tenha sido realmente enganada todo esse tempo. Podia não saber sobre o amante, mas e a atenção, o carinho, a construção da vida a dois, ninguém percebeu que não estava mais acontecendo?

Existem canalhas nas novelas e na vida real. Eles podem ser homens, mulheres e até crianças. Você pode viver 20 anos com um deles e perceber, então, que não o conhece, e pode conhecê-lo há meses e sentir que realmente o entende. No fundo, todo mundo sabe com quem convive. Não acho que seja fácil, mas as pessoas dão sinais o tempo todo sobre quem realmente são. Eu acredito nisso. E essa é a minha esperança pra acreditar que o mundo ainda não está realmente desvirtuado, e é o que me faz confiar no que eu vejo e no que eu sinto.

Mas Manoel Carlos... dá uma aliviada, né?!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O fim do mundo

Maria Carolina Medeiros

Vocês acreditam na profecia de que o mundo vai acabar em 2012? Eu acredito em coisa pior: que ele já está acabando. E que poucas pessoas se dão conta disso. E que, pra piorar, menos pessoas ainda fazem efetivamente algo para mudar.

Tanto se fala sobre esse assunto, ainda mais depois do filme que está em cartaz nos cinemas (2012). Sabe, eu não vejo o mundo acabando, não. Mas vejo o lixo entupindo os bueiros e resultando em enchentes que deixam milhões desabrigados. Vejo a guerra civil cotidiana que nos assola e impede que a gente viva sem ter medo de sair de casa. Vejo as temperaturas ultrapassando + 40 graus onde é verão e – 40 onde é inverno. Vejo animais extintos, assim como se extinguem a educação e a civilidade.

Pra mudar a situação calamitosa do nosso mundo são necessárias grandes mudanças, mudanças radicais, sim senhor. Mas nem por isso justifica dizer que você não faz a sua parte porque de nada vai adiantar mesmo. O pouco é sempre melhor do que nada. É melhor, pelo menos, do que usar como desculpa para a preguiça.

O lema “se cada um fizer a sua parte ajuda bastante” nunca foi tão verdadeiro. Exemplo? Utilize ecobags para ir às compras e diga não, obrigado, às sacolas plásticas que insistem em nos empurrar em todo lugar. Os atendentes de supermercados, farmácias e companhia se espantam quando alguém dispensa a sacolinha e enfia os produtos recém adquiridos numa ecobag ou, em último caso, na bolsa mesmo. Espantoso de verdade é o contrário, é saber que estamos acabando com o planeta e que as pessoas ainda estranham quando um “ser de outro mundo” evita o uso de sacolas plásticas.

O que há pouco tempo era papo de ecochato, virou papo de qualquer cidadão consciente. Hoje, cafona é jogar lixo no chão, é desperdiçar água enquanto escova os dentes, é não participar da coleta seletiva do seu prédio (se tiver; se não tiver, faça você a sua parte, não é tão difícil. Dicas abaixo).

Em alguns países do mundo vemos essas simples ações de civilidade surtirem efeito, porque já fazem parte da rotina dos habitantes. Dá vergonha pensar em jogar algo fora da lata de lixo, porque estranho mundo afora é ser mal educado. É uma questão de educação mesmo, e aqui muita gente não vem com isso "de fábrica" e, pior, não acha bizarro considerar público "o que é de ninguém", em vez de sacar que o que é público é de todos, para ser cuidado por todos, inclusive.

É questão de cultura? Que tal se o governo fizesse umas campanhas pelo consumo consciente? Difícil quando ele mesmo parece não saber o que é isso. Aí, salve-se quem puder.

2012? Eu não seria tão otimista.

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Se você quiser parar de reclamar e fazer a sua parte, tem várias dicas e orientações pra você começar a colocar em prática já!, aqui, ó: www.akatu.org.br

E se quiser trocar ideias, criticar o desabafo ou me chamar de ecochata, deixe seu comentário!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O tamanho do problema

Maria Carolina Medeiros

Navegando na internet, encontrei um desses textos melosos, mas bacanas, cuja autoria é desconhecida (e que quase sempre é atribuído a Arnaldo Jabor, Drummond e a outros recordistas de textos apócrifos). Ele fala basicamente sobre darmos menos importância a probleminhas bobos e mais importância a viver a vida. Ou, ao menos, foi assim que eu o interpretei.

Enviei a alguns amigos e recebi dezenas de respostas. Todas comentando sobre o quanto o texto os fez parar pra pensar, que veio no momento certo, que estavam mesmo precisando ler algo assim. É curioso como esse tipo de texto, embora simples e aparentemente óbvio, costuma mexer com as pessoas – e me incluo neste grupo.

Todos nós temos problemas. Se você briga com alguém, fica aborrecido. Se as coisas no trabalho não andam como você gostaria, é claro que você volta pra casa chateado. Bateram no seu carro? Isso é mesmo um saco. Não serei a pessoa que vai dizer que ninguém devia se importar com isso, que tem gente por aí que não tem o que comer, que sofre desgraças maiores e nem por isso fica lamentando.

Mas a verdade é que não é raro nós aumentarmos, e muito, o espaço que um problema deveria ter. Eles não têm um “tamanho” pré-definido. Somos nós que decidimos se uma chateação é um probleminha que ocorreu no nosso dia, mas que vai passar, ou se o aborrecimento vai ser motivo pra reclamação durante o resto da semana.

Vale a pena prestar atenção se seus problemas não estão tomando um tamanho desproporcional na sua vida. Se reclamar de tudo é um hábito, mude: diminua as coisas negativas, não dê tanta importância a elas, e enfatize o que te acontecer de bom. O tamanho do seu problema é você quem dá.

Feliz 2010!

* E pra quem ficou curioso sobre o texto que mencionei, aí vai.

Vida Passageira

Se pudéssemos ter consciência do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes.

Muitas flores são colhidas cedo demais. Algumas, mesmo ainda em botão. Há sementes que nunca brotam e há aquelas flores que vivem a vida inteira até que, pétala por pétala, tranqüilas, vividas, se entregam ao vento.

Mas a gente não sabe adivinhar. A gente não sabe por quanto tempo estará enfeitando esse Éden e, tampouco, aquelas flores que foram plantadas ao nosso redor. E descuidamos. Cuidamos pouco. De nós, dos outros.

Nos entristecemos por coisas pequenas e perdemos minutos e horas preciosos. Perdemos dias, às vezes anos. Nos calamos quando deveríamos falar; falamos demais quando deveríamos ficar em silêncio.

Não damos o abraço que tanto nossa alma pede porque algo em nós impede essa aproximação. Não damos um beijo carinhoso "porque não estamos acostumados com isso", e não dizemos que gostamos porque achamos que o outro sabe automaticamente o que sentimos.

E passa a noite e chega o dia, o sol nasce e adormece e continuamos os mesmos, fechados em nós. Reclamamos do que não temos ou achamos que não temos suficiente. Cobramos. Dos outros. Da vida. De nós mesmos.

Nos consumimos. Costumamos comparar nossas vidas com as daqueles que possuem mais que a gente. E se experimentássemos comparar com aqueles que possuem menos? Isso faria uma grande diferença.

E o tempo passa... passamos pela vida, não vivemos. Sobrevivemos, porque não sabemos fazer outra coisa. Até que, inesperadamente, acordamos e olhamos pra trás. E então nos perguntamos: e agora?

Agora, hoje, ainda é tempo de reconstruir alguma coisa, de dar o abraço amigo, de dizer uma palavra carinhosa, de agradecer pelo que temos. Nunca se é velho demais ou jovem demais para amar, dizer uma palavra gentil ou fazer um gesto carinhoso.

Não olhe para trás. O que passou, passou. O que perdemos, perdemos. Olhe para frente! Ainda é tempo de apreciar as flores que estão inteiras ao nosso redor. Ainda é tempo de agradecer pela vida, que mesmo passageira, ainda está em nós.

(autor desconhecido)