quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Por favor, não alimente as plantas

por Maria Carolina Medeiros

Você já viu uma planta carnívora? Sabia que elas existem de verdade? Segundo a wikipedia, plantas carnívoras são aquelas que têm habilidade de capturar animais e, através de enzimas digestivas, extrair compostos nitrogenados para seu próprio aproveitamento.


Não sou bióloga e a única coisa que entendo sobre plantas é a sensação que receber flores me provoca. Mas lendo a definição sobre plantas carnívoras (não me perguntem por que), percebi que há muito mais em comum entre elas e humanos do que o fato de ambos sermos seres vivos.


Rir da “desgraça” alheia é praxe pra quase todo mundo. Mesmo a melhor das criaturas já caiu na gargalhada ao ver um desconhecido levar um tombo na rua. Mas existe uma tolerância pro nível de normalidade nesses casos. Se o escorregão provocou um acidente sério, eu ia parar de achar graça na hora. E você?


Existem pessoas que, assim como as plantas carnívoras, se nutrem da infelicidade do outro. Revêem um velho amigo, constatam que ele continua em forma e elogiam com uma ponta de inveja, em vez de perguntarem a receita do sucesso e aplicar para si. Adoram consolar a amiga que brigou com o namorado, mas se ausentam quando o casal está bem, porque na harmonia sua presença não é necessária. Ou seria porque não se sentem confortável com a alegria alheia? No fundo, essas pessoas precisam que o outro esteja mal, porque é assim que se sentem úteis, é disso que se nutrem; são como as plantas carnívoras.


Certa vez a querida mãe de uma querida amiga me disse que amigos não são necessariamente aqueles que te consolam no fracasso, e sim os que aguentam o seu sucesso. Como faz sentido! É muito mais difícil alguém que queira verdadeiramente o seu bem e consiga se nutrir disso, partilhando da sua felicidade. Porque alegria é assim, quanto mais a gente divide, mais tem. Mas precisa ser com gente do bem, que não fique forte na medida em que te enfraqueça.


Tanto se fala sobre namoros e casamentos saudáveis, mas que assim sejam também as amizades. Desconfie do amigo que precisa que você precise dele. Aquele que verdadeiramente te apoia estará, sim, ao seu lado quando você precisar. Mas se não precisar nunca, melhor ainda: vai querer estar com você mesmo assim. E vai dar graças a Deus por não ter que te emprestar o ombro pra chorar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Último capítulo

por Maria Carolina Medeiros

(pode parecer, mas este não é um texto sobre novela).

Na semana passada começou a nova novela das nove da Globo (vamos parar de chamar de novela das oito, porque já não começa nesse horário faz tempo), e todo mundo que assistia à “Caminho das Índias” se prometeu que não ia acompanhar a novela seguinte, para não ficar escravo de novo. Embora os primeiros capítulos de “Viver a Vida” tenham sido legais (afinal, é uma novela do Maneco), ninguém já desmarca compromissos para ver a nova novela, ao contrário do que acontecia na reta final da que acabou de acabar. É claro: por mais gostoso e com sabor de novo que seja um começo, é enorme a expectativa para o fim.

Todos esperam que o último capítulo da novela seja o melhor de todos. É por ele que esperamos. E, de acordo com o que ouço, raramente ele corresponde às expectativas. Faz todo o sentido: o que tinha para acontecer já aconteceu durante quase um ano em que a novela foi exibida. O último capítulo é só um fechamento, não é nele que coisas do outro mundo vão acontecer.

Se a vida imita a arte ou o contrário, não sei. Mas o fato é que quando um casamento termina (ou mesmo outro tipo de relacionamento), todos querem saber: houve traição? Brigaram feio? Sempre achei que ele não prestava. Ela era mesmo muita areia pro caminhãozinho dele. E por aí vai.

Não é raro perceber ares de tédio quando uma das partes envolvidas no término responde, com elegância, que não, não houve nada. Foi justamente por isso que a relação acabou: não havia mais nada, nem troca, nem emoção, nem sentimento. Acabou. Ponto.

Como se o mundo já não tivesse desgraças o suficiente, querem ouvir estórias cabeludas também sobre a vida alheia. Querem emoção, a mesma que esperam que esteja presente no último capítulo da novela quando, na verdade, a emoção aconteceu durante o tempo em que ela esteve no ar.

Boa notícia: ao fim de uma novela, sempre começa outra.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Extremos

por Maria Carolina Medeiros

Sempre achei que tudo o que é radical na vida, não pode fazer bem. Ir de um extremo ao outro indica mais revolta do que mudança de hábitos. E todas as vezes que fico sabendo de alguém que mudou completamente, que parece ter virado outra pessoa, me pergunto: será possível?

Religião é um assunto polêmico, eu sei. E não quero entrar nos méritos das vantagens e desvantagens de cada uma: crença é crença, não há o que discutir. Acho legal ter fé, freqüentar um espaço que traga boas sensações a quem lá está. O que eu acho discrepante é quando pessoas que viviam em um extremo – saíam pra farra todos os dias sem exceção, caíam de porre, trocavam de namorado como quem troca de roupa – se tornam praticamente virgens intocáveis. Não brincam mais, não tomam um chopp com os amigos, só namoram se for pra casar. Se a vida não era saudável antes, será que ficou depois?

Quase ninguém está satisfeito com o corpo que tem. E mais do que emagrecer ou ganhar massa, normalmente as pessoas desejam mudanças que só seriam possíveis se nascessem de novo, já que estão relacionadas ao seu biotipo. É melhor ser anoréxica ou obesa? Nesse caso, o melhor é o equilíbrio. Os dois extremos não são legais e não devem ser idealizados por alguém que esteja com a sanidade mental em dia.

Beber demais ou não tomar nem uma taça de vinho; comer exageradamente ou sair pra jantar e só beber água; sentir-se na obrigação de casar virgem ou namorar toda a torcida do Flamengo. Tomar uma decisão completamente impensada. Pensar demais. Não sentir ciúmes. Ser ciumento demais. O exagero, definitivamente, não compensa.

Entretanto, o extremo funciona em algumas situações. Tem momentos em que é preciso se posicionar, tomar partido de alguém, defender um amigo de uma injustiça, aborrecer outro com a verdade que ele não queria escutar, ser radical com pessoas nocivas. Não dá pra ficar sempre no meio termo.

Quem responde perguntas com outras perguntas, não terá as respostas que procura. Pessoas que vivem em cima do muro nunca conhecem nenhum dos dois lados por não terem coragem de fazer uma opção. Clarice Lispector dizia: “Minhas alegrias são intensas, minhas tristezas, absolutas. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos”.

Seja equilibrado, mas seja você.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sinto... muito!

por Maria Carolina Medeiros


Realidade. O mundo crê em fatos, provas, testemunhos. Poucos dão valor às sensações. Somente o que é fato concreto e consumado costuma merecer credibilidade.

O súbito mau pressentimento quando vai embarcar em um avião. A leve sensação de não poder confiar em alguém que, aparentemente, preenche requisitos para ser um bom amigo. Ter afinidade fora do normal com quem você mal conhece. Não se sentir bem em um lugar que deveria ter tudo a ver com você. Adorar estar num local que nunca achou que fosse curtir, e sentir a melhor energia do mundo.

Coisas que ninguém entende. Se tiver que explicar a alguém, melhor esquecer. Não sentir-se bem na presença de alguém que não te fez nada diretamente é implicância. Deixar de embarcar em um voo sem ameaça de bomba é neurose. Terminar namoro só porque não está mais a fim, sem traições ou escândalos, é maluquice ou desculpa esfarrapada.

Difícil bancar opiniões que não estejam baseadas em informações e motivos concretos. Tomar uma decisão sem “provas” que sustentem o sentimento é caminho curto para ser taxado de inconseqüente, maluco ou, no mínimo dos mínimos, precipitado.

Assim, quem se baseia no que sente acaba por vezes ignorando o mau pressentimento e entrando no voo. Sob pena de virar implicante, deixa de lado a sensação de que não pode confiar naquela pessoa. Para não ser impulsivo, não aprofunda os laços de amizade com quem acabou de conhecer, afinal, não sabe nada sobre ela e o sentimento de afinidade não pode ser motivo para tanto.

Um avião que cai. A confiança que levou anos para ser construída, destruída em um segundo. A amizade que não tinha porque durar e que perdura, enfim.

Sempre precisamos de provas quando o que sentimos deveria nos bastar. Não significa fazer acusações levianas ou tirar conclusões precipitadas. O ser humano é pré-disposto ao erro e pode mesmo ter uma primeira impressão errada, mal interpretar uma cena, pré-julgar de forma equivocada. Mas ainda assim, o crédito às sensações deveria ser dado.

Uma vez, li que a melhor forma de saber se tomamos ou não uma decisão acertada é perceber como nos sentimos após o que foi decidido. Se a sensação permanece de agitação, tem algo errado. Se está em paz, a decisão deve ter sido acertada.

Escutar o coração. A voz mais sutil que existe, mas também a mais verdadeira, é a que ecoa dentro de cada um.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O retorno

por Maria Carolina Medeiros


Eu amo viajar. Tudo é novidade, o dia rende, embora as horas passem sempre rápido demais. Mas uma das coisas que eu mais gosto quando viajo é a “permissão” para me desligar do mundo. Ninguém estranha se eu não respondo aos emails ou se não atendo ao celular. Mal assisto à televisão – ok, uma espiadinha na novela das 8 enquanto me arrumo para sair pra jantar não compromete.

Não fico sabendo das desgraças, não corro o risco de me sentir mal se conversar com alguém que ouviu uma notícia que eu desconheço. Eu estou viajando, não preciso saber nada sobre o mundo. Quero é saber sobre a cidade onde estou, quero explorar, conhecer seus bons restaurantes e seus pontos nem tão turísticos assim.

Mas sempre que volto de viagem e percebo quantos dias de jornal eu não li, quantas notícias eu perdi – e agora que já aconteceram mesmo, nem preciso tanto saber -, sinto uma angústia. Não pela falta de informação, porque a maioria das notícias é mesmo irrelevante. Sem contar que com um clique na internet, facilmente tomo conhecimento do que houve na minha “ausência”.

A angústia que me ronda tem a ver com as atualizações dos blogs que acompanho, e que em uma semana tem umas três novas postagens cada, e estou com preguiça de ler todas elas. Tem relação com as respostas ao “o que você está fazendo?” no twitter que eu não li. Com os emails que não respondi quando chegaram, porque não estava conectada, e que agora não estou mais a fim de responder. Algumas coisas na vida têm um timing, e cada vez mais essa hora certa de reagir a algo significa fazê-lo em tempo real, ou quase.

Foi aí que me dei conta de que eu não preciso mesmo acompanhar tantos blogs. Nem ler tantos jornais. Nem estar sempre supermegahiperultra bem informada sobre TUDO. Ninguém consegue, nem se esforçando muito.

Nem precisei viajar de novo para relaxar. Um jogo de futebol na TV, mesmo se não for do seu time, brincadeiras com a cachorrinha mais humana que eu conheço (a minha) e um abraço apertado ajudam muito. Afinal, como diria Caetano: quem lê tanta notícia?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vinho com Batata é finalista do Top Blog !!


Queridos amigos e leitores,

é pulando de alegria que, depois de pedir votos a vocês, comunico que o Vinho com Batata está entre os finalistas do Prêmio Top Blog !!!!!!

Quem quiser conferir a lista em ordem alfabética pode acessar o site www.topblog.com.br/top.php e ver o Vinho com Batata marcando presença!

Estou muito feliz e quero dividir isso com vcs que me ajudaram a chegar até aqui. É só o começo e tenho certeza que conto com o apoio de vocês no que vem pela frente!

Beijos e OBRIGADA!!