terça-feira, 30 de novembro de 2010

O essencial do amor

O namorado tinha ficado de ir à sua casa, mas ligou, avisando que um amigo com quem quase nunca encontrava o tinha chamado pra papear. Queria saber se ela, a amada, ficaria chateada se ele deixasse de vê-la naquele dia, que se veriam no dia seguinte. Ficou aliviado quando ela concordou, sem problemas.

Cena rara no cotidiano dos casais. E se fosse comigo? Por favor! Eu ficaria chateada se ele não saísse com o amigo!
Acredito que relacionamento é liberdade. É também muitas concessões pelo outro, desde que ceder não fira o livre arbítrio de cada um. Imagine só se eu ia querer que o homem que eu amo fosse me encontrar, sabendo que a vontade dele era de, naquele momento, estar com o amigo! Estranho é quando se vive em função do outro, deixando de lado as próprias escolhas.

O que não falta é casal que brigaria por esse motivo. Ela diria que ele prefere o amigo ao namoro. Ele se defenderia, dizendo que estão sempre juntos, e que com o amigo é vez por outra. Por fim, para evitar maior aborrecimento, ele diria não ao amigo e iria à casa dela, e brigariam por um motivo outro qualquer, afinal, não era ali que ele queria estar naquele momento.

É um tal de mandar e desmandar no outro que eu não entendo. Fala-se muito sobre a necessidade de ceder nos relacionamentos, e muito pouco sobre a liberdade que cada um tem, deveria ter, precisa ter. Ninguém é dono de ninguém, e o fato de cada um poder fazer o que bem entende é excelente para nos lembrar de que a conquista mútua deve ser constante, diária.

Quem acha que só porque conquistou, tá conquistado, é meu e ninguém tasca, e por isso evita o risco, ou seja, não quer que o outro saia com os amigos, que viva sua vida, achando que dessa forma está mais seguro, engana-se. A necessidade de aprisionar o que se ama é falta de amor próprio. É sendo livre que podemos fazer as melhores coisas da vida, entre elas, amar e ser amado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O que será do amanhã

No Jornal Nacional, a Fátima Bernardes perguntou ao governador Sérgio Cabral se os cariocas podem esperar que amanhã seja um dia melhor e mais tranqüilo do que foi hoje. Ele não afirmou nem que sim, nem que não, claro. Ninguém pode prever.

Nos últimos dias, a população do Rio sai de casa sem saber o que esperar. Mas sempre foi assim. Só que com os ataques mais recentes, o medo fica mais latente. Eu mesma, que não sou de me apavorar, hoje tive medo. Desmarquei compromissos. Voltei pra casa mais cedo. E no caminho de volta, ouvindo as notícias pelo rádio, chorei. Chorei muito, choro que misturava agonia e tristeza.

Quando será que isso vai acabar? E se vai?

Estava claro que essa guerra ia estourar em algum momento. O fato de termos alguns momentos mais calmos no Rio nunca significou que a cidade estava em paz. Só que como ninguém tomava uma atitude, a coisa não melhorava, mas também não piorava. Os bandidos nunca se sentiram ameaçados. E assim íamos vivendo, como se não fosse com a gente.

Agora, é diferente. As UPPs tiraram os criminosos do morro, mas não se pensou no que fazer com eles. E se fossem presos, também não sei se ia melhorar alguma coisa. Desde quando alguém consegue sair regenerado de cadeia no Brasil?

Eu acredito que a situação possa melhorar. Acredito mesmo. Mas o que precisará acontecer para chegarmos lá, me faz tremer. E temer.

Que Deus nos proteja! É o que nos resta.