segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O dono da história

Maria Carolina Medeiros

Não é que eu acredite que a virada do ano muda tudo. Não sou defensora de que em 2010 a vida vai ser completamente diferente, só porque mudou o ano. Fazer promessas de ano novo é mais ou menos como querer emagrecer, mas deixar pra começar a dieta sempre na segunda-feira que vem. Ou como esperar o início do mês seguinte para entrar numa academia (quando hoje é dia 3, por exemplo).

Mas não vou negar que a mudança de ano me motiva. Eu podia decidir mudar algumas coisas de um dia pro outro, ninguém precisa agüentar até o ano seguinte. Mas o clima de um novo ano tão próximo acaba nos envolvendo e estimulando a definição do que queremos fazer diferente desta vez.

Claro que o dia pode ser diferente amanhã, ou hoje mesmo; virada de ano não é pré-requisito para nada. Mas como a chegada de 2010 está aí na porta, por que não aproveitar a motivação que vem junto com ela para começar o que prometemos fazer o ano todo?!

Não é preciso estabelecer metas grandiosas, que quase sempre não serão cumpridas. Comece com pequenos passos, como tentar ser mais gentil e cuidar mais de você. Morar sozinho, trocar de emprego, mudar o visual são promessas comuns nesta época do ano. Mas as mudanças mais importantes são quase sempre invisíveis. São as mudanças internas.

Passei o finzinho de 2008 e o começo de 2009 em Paris. A mudança de ares, o frio em vez do verão carioca, a neve, tudo foi diferente. Mas o mais significativo foi o tempo que passei sozinha, muito bem acompanhada de mim mesma. Mudanças aconteceram ali. Não sei foi a proximidade de 2009, o novo ano que chegava, que ditou a mudança. Estou mais para acreditar que a mudança deve ser atribuída a mim, sem falsa modéstia. Ali, sozinha, tornei-me a dona da situação. A dona da minha história.

Algumas crianças são plenamente donas da sua história desde que nasceram. Alguns adultos ainda não escreveram nem a primeira linha. São aqueles que empurram a vida com a barriga, nunca fazem as próprias escolhas e não vivem, apenas existem.

Como nunca é tarde para começar, esses são meus votos para 2010. Aproveite o ensejo e faça o mesmo. Escreva a sua própria história. E nem precisa ir a Paris, embora não seja má ideia. Aja, escute, aquiete, aprenda. Misture realidade e ficção. Faça do jeito que bem entender, afinal, a história é sua. Você vai descobrir que a graça está exatamente em contá-la do jeito que você quiser.