domingo, 24 de maio de 2009

Sobre chocolate e outros (des)controles


24.05.09

Por Maria Carolina Medeiros

Às vezes eu pareço maluca, mas garanto: sou só chocólatra. E é por isso que acho totalmente válido contar que estou vencendo a batalha contra essa delícia, que eu já considerei como inimigo. E vencer, nesse caso, não significa que eu esteja resistindo à tentação: estou é aprendendo, pela primeira vez na vida, a não encará-lo como vilão.


Quando me dá uma vontade louca de comer chocolate, como um bombom pequeno, e só (!!!). Consigo parar por ali, incorporando o lema de que o problema não é o que a gente come, mas sim quanto a gente consome. E que se você gosta muito de comer algo, não adianta querer limar esse alimento da sua vida, porque o máximo que a gente consegue com isso é explodir de vontade num dia e comê-lo compulsivamente, pra compensar a ausência sentida.

O melhor disso tudo (além de poder continuar a comer chocolate, claro) é me sentir no controle da situação (eu avisei que às vezes pareço maluca). Quem é chocólatra e tem problemas com a balança bem sabe o desespero que dá depois de se chafurdar numa caixinha de bombons aparentemente inofensiva.

Funciona mais ou menos assim: a abstinência bate e é prontamente resolvida com 34 bombons (porque mesmo que o eleito não seja o Bis, é impossível comer um só – oi, não estou sendo paga pelo merchandising). No minuto seguinte, a gente realiza que trocou uma semana in-tei-ra de privações por alguns momentos de prazer que só os chocólatras conhecem. Se dá conta de que não precisava ter comido tanto, acha que a situação fugiu do controle e se sente incapaz de fazer dieta, mesmo. Pimba! Golpe certeiro na auto-estima. Portanto, conseguir ignorar 33 bombons apetitosos é, sim, uma vitória, ok?

Mas enquanto eu me contento em ter controle sobre o chocolate e minhas calças 38 sorriem com folga (literalmente) pra mim, assustador é perceber que tem gente que sente prazer em controlar pessoas. Essa necessidade se traduz em ex-namoradas que nem têm mais interesse no cara, mas insistem em se manter presentes; pessoas cujo ego é maior do que a consciência e que precisam que o outro fique aos seus pés pra se sentirem poderosos; casais que disputam o tempo todo quem comanda a relação; chefes que não compartilham conhecimento por medo de um jovem talento lhes roubar a posição na empresa; pais que não querem criar os filhos pro mundo e acabam lhes perdendo pra vida.

Querer ter controle em alguns momentos faz parte da vida de todo mundo. Mas quando se torna uma obsessão, chame o Caetano, porque alguma coisa está fora da ordem. Ruim para quem sente, ou não, pois para algumas pessoas, crise de consciência está fora de questão; mas certamente é mais destrutivo do que parece para quem permite que esses manipuladores participem de suas vidas.

Dá pra consumir chocolate sem exageros. Já gente manipuladora é sempre, sem nenhuma exceção, nociva à saúde. Não admita com moderação: corte relações, jogue pra escanteio como os outros 33 bombons da caixa. O melhor dos sabores (mais até do que chocolate) é o poder de escolher o que merece ficar na sua vida.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Do amor

por Carol Medeiros - 11.05.09



Tem gente que diz que quer amor, mas quer garantias. Eu, não.

Tem quem diga que quer amor, mas quer romance, quer posse, quer controle. Eu, não.

Eu podia dizer que quero ficar com você para sempre, mas acho que querer é pouco. Prefiro dizer que quero te conquistar e reconquistar quantas vezes forem necessárias ao longo de toda a minha vida.

Podia dizer que, ao seu lado, tenho os dias mais felizes da minha vida. Mas não é que eu só tenha tido alegrias. É que simplesmente não consigo me lembrar das tristezas.

Não espero, nem quero, nem mesmo desejo que tenhamos apenas momentos maravilhosos. Vida cor-de-rosa não é para humanos, tampouco para homens e mulheres. Desejo, sim, que tenhamos vida normal, com altos e baixos, com desencontros que são inerentes à vida. E que, ainda assim, a gente sempre consiga seguir juntos.
Não desejo que você não olhe nunca pro lado, mas que sempre se vire de volta e queira ficar só comigo.

Não sonho com o dia em que não ficaremos nem um minuto longe um do outro, mas quero contar as horas pra voltar pra casa e te abraçar com todo o amor que houver nessa vida.

Não torço pra que as coisas não mudem nunca, mas sim pra que saibamos nos adaptar às mudanças, às novidades, ao mundo. E um ao outro.

Não espero não brigar nunca, mas urge que façamos as pazes antes de dormir, pra não haver pesadelos durante o sono nem fora dele.

Não quero que não haja questionamentos, nem ausência de dúvidas, pois seria irreal. E eu quero realidade! Planos pro futuro, dinheiro no bolso para concretizá-los, pés no chão. Mas o coração... este sim, pode deixar nas nuvens.

Não duvido que a gente nunca se magoe, mas que jamais seja proposital, e que, acontecendo, nunca tenha tamanha profundidade que um abraço forte não faça tudo passar.

Não acredito que não haverá monotonia nem dias chatos, e não penso que a rotina nunca vai bater à nossa porta. Só quero ficar com você mesmo quando for chato, quando houver monotonia, quando a rotina vier nos visitar.

Quero viajar com você pelo mundo, mas me importa saber de onde você vem e te mostrar o que me fez ser como eu sou.

Não quero que o mundo se resuma a nós, mas espero que a gente se baste, estando a sós ou na multidão que nada preenche.

Não quero confrontar seus hábitos, quero que os compartilhe comigo para que eu me acostume com eles e te apóie.

Não desejo apenas risos ao teu lado, quero teu colo pra chorar. E quero saber que, ao olhar nos seus olhos, terei certeza de que pra tudo nessa vida dá-se um jeito mesmo.

Quero que nós dois tenhamos sempre milhões de alternativas na vida, pois é disso que ela é feita - de escolhas.

Mas que, ao fim de cada uma delas, a gente sempre queira escolher um ao outro.