segunda-feira, 16 de março de 2009

Tapando buracos

16.03.09 - por Carol Medeiros

Na semana passada assisti ao musical “Avenida Q”. A peça, que estreou há alguns anos na Broadway e lá está em cartaz até hoje, é divertidíssima com suas piadas politicamente incorretas. Mas apesar do humor sagaz do musical, o tema central é o drama do jovem Princeton, que pena para descobrir: qual é seu rumo na vida?

Segundo o personagem, se você não descobre qual é seu rumo, vai viver a vida do dia-a-dia apenas de acordo com a maré, sem nunca saber para onde vai. Há quem diga que não é necessário que a vida tenha um “significado”, mas eu concordo com ele. Estamos todos procurando um sentido para o que vivemos, ou buscando compreender o que já existe. Enquanto não encontramos o “sentido da vida”, a gente vive tapando buracos.

Já ouvi mais um tal de “enquanto não encontro a pessoa certa, me divirto com as erradas”. Não tenho nada contra e acho que às vezes é bom mesmo viver desprendido, seja de namoro, de sentimentos ou de pessoas, mas devo admitir: pensar assim é apenas uma forma bem-humorada de tapar buracos do coração.

Há quem tenha um bom emprego, ótimo salário e não se sinta realizado profissionalmente. Conheço muitas pessoas assim. Mas como é necessário trabalhar e ganhar dinheiro, tapam buracos com uma rotina que não faz sentido para suas vidas.

Amizade sem afinidade, só por coleguismo, por educação ou conveniência, é um tapa-buracos. Ficantes que não despertam palpitações no coração estão apenas... tapando buracos. Estar a fim de ficar em casa e se “forçar” a sair é vontade de tapar o buraco que vai ser encontrado quando ficar sozinho e encarar o que está por trás dos fins de semana em que nunca se pára para pensar.

Não tenho absolutamente nada contra tapar buracos. Todos os temos e o tempo urge, não dá para parar o mundo cada vez que surge alguma cratera. O problema é que, algumas vezes, o buraco pode ficar grande demais e impedir a travessia. Aí, só recapeando toda a estrada.

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