sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Dormindo com o inimigo


Maria Carolina Medeiros


Dizem que quem analisa uma situação “de fora”, sem estar envolvido, consegue ser mais realista. Mas por outro lado, sem envolvimento é fácil falar. De um jeito ou de outro, quando a gente vê algo acontecendo com os outros e percebe claramente algo que quem está participando não vê, dá uma certa agonia. Vontade de se meter, de dizer pro outro: ei, acorda!

Mesmo quem não for noveleiro vai entender o que estou dizendo. É que quando eu vejo a Helena (Taís Araújo), de Viver a Vida, ser absurdamente traída pelo metido a galã do José Mayer (alou, seu tempo acabou!), me dá vontade de entrar na TV e dizer a ela pra não se sentir culpada por dar um beijinho no Thiago Lacerda (esse sim, galã de verdade). Contar pra ela que o marido dela faz coisa muito pior. Não que eu seja adepta do “olho por olho, dente por dente”, muito pelo contrário. Mas me dá raiva vê-la levando tão a sério uma relação com um cara completamente galinha, e perdendo a oportunidade de dar-lhe um pé na bunda e viver pra sempre com o Thiago Lacerda, quer dizer, com o Bruno (personagem que ele interpreta).

Aí é que eu paro pra pensar. Será mesmo que Helena não vê nada? É claro que ela não sabe concretamente das traições do marido, mas será que não percebe mesmo com que tipo de pessoa ela dorme e se levanta todos os dias? Pode não saber que ele é infiel, mas sabe sobre sua deslealdade, sobre sua falta de companheirismo, sobre suas grosserias e sua ausência constante.

Sempre que alguém me conta algo muito bizarro, como uma relação que terminou e um dos dois ficou totalmente sem chão porque não esperava (mais um desavisado), uma esposa que descobre, repentinamente, que o marido tem outra família há 10 anos, coisas assim, que parecem normais na nossa sociedade louca mas ainda me assustam e vão assustar a vida inteira, eu penso. Penso que não é possível que a pessoa tenha sido realmente enganada todo esse tempo. Podia não saber sobre o amante, mas e a atenção, o carinho, a construção da vida a dois, ninguém percebeu que não estava mais acontecendo?

Existem canalhas nas novelas e na vida real. Eles podem ser homens, mulheres e até crianças. Você pode viver 20 anos com um deles e perceber, então, que não o conhece, e pode conhecê-lo há meses e sentir que realmente o entende. No fundo, todo mundo sabe com quem convive. Não acho que seja fácil, mas as pessoas dão sinais o tempo todo sobre quem realmente são. Eu acredito nisso. E essa é a minha esperança pra acreditar que o mundo ainda não está realmente desvirtuado, e é o que me faz confiar no que eu vejo e no que eu sinto.

Mas Manoel Carlos... dá uma aliviada, né?!

3 comentários:

Gabriel Melsert disse...

O problema é que a mulher nunca quer largar a segurança! Ai, faz isso, perde o seu tempo e o tempo dos outros! José Mayer já está ficando muito apelativo, o problema é que não há ninguém para assumir o seu lugar. Poderia até ser o Marcus Palmeiras, mas não sei. O que achei que faltou nessa novela foi uma morena maravilhosa, cabelão, olhos claros e cintura fina, Zona Sul é isso. Portanto, dos últimos anos está deve ser a pior novela do Manuel Carlos, e olha que sou suspeito para falar, pois gosto muito de suas obras. Um Beijo e Abraço, do seu amigo Little Touro.

Ellen Aniszewski disse...

Que a vida nos ensine a entender "os sinais" e que tenhamos sabedoria para tomar as atitudes corretas.
Uma coisa que não consigo entender Carol (não que seja o caso da Helena, que tem um Thiago Lacerda à disposição) é o medo que algumas (muitas) mulheres têm de ficarem sozinhas e assim se submetem a homens e situações que DEUSMELIVRE...rs Beijossss

Anônimo disse...

Realmente existem situações que vc nao acredita!
Vamos torcer pra que o Maneco de um jeito nisso rsrs

Ja estava com saudade dos textos!!

Quero livroooo!!!!!

Bjos
Raphael Leta