por Maria Carolina Medeiros
Sempre fui entusiasta da internet e dos “quase” milagres que ela propicia. Adoro conversar pelo MSN com amigas que moram longe, sou adepta da comunicação por email, acho o Google uma ótima ferramenta de pesquisa para quem sabe utilizá-lo e filtrar as bobagens que aparecem, sigo vários blogs interessantes. Mas a internet, como tudo na vida, tem um lado que pode ser muito nocivo: permitir que quem não faça verdadeiramente parte da sua vida real seja próximo de você como se convivessem freneticamente. Ao reduzir as distâncias geográficas, a internet provoca uma falsa intimidade entre as pessoas.
Muitos textos já abordaram o problema de relacionamentos que “começam” pela internet. As pessoas se conhecem virtualmente, mas não pessoalmente. É, tem gente que se apaixona assim. Nem vou entrar nesse mérito: para mim, o que pode acabar sendo péssimo é utilizar esse mundo virtual em excesso, de modo a deixar de lado o contato real, verdadeiro e claro, insubstituível. Ao contrário do que muitos pensam (inclusive eu pensava), não é exagero, algo que só acontece com os “nerds”. Eu, que sempre fui entusiasta do orkut, que entrei logo no começo da rede e vibrava a cada novo amigo localizado, comecei a perceber as desvantagens deste tipo de rede social.
Primeiro: por mais que haja filtros para restringir a sua privacidade, você não vai conseguir. Simplesmente porque esse é o propósito do orkut e, se não for assim, não tem graça. Eu não adiciono quem não conheço, mas tem gente na minha lista com quem estive pessoalmente poucas vezes na vida. E essas pessoas acabam tendo acesso à minha vida tanto quanto meus amigos de verdade.
Mesmo que você não deixe recados com freqüência pros seus amigos, que não descreva aonde vai e o que faz, invariavelmente alguém vai escrever para você, dizer que adorou te encontrar na boate tal e que não vê a hora de você postar as fotos da viagem que fez pra não sei aonde, sobre a qual comentaram na noite passada. Das duas, uma: ou você passa a viver em função do orkut, acessando a página toda hora para apagar o que te escrevem, ou relaxa sabendo que não só quem escreveu, como qualquer outra pessoa da sua lista de “amigos” do orkut pode ter livre acesso ao que está lá escrito.
Quando a gente entra na rede, se empolga a cada vez que um amigo com quem não tínhamos mais contato nos adiciona. Passados os recados iniciais onde um atualiza o outro sobre como anda a vida, o contato volta a ser nulo. Simplesmente porque aquela pessoa até pode ser querida por você, mas se fizesse algum sentido ela ainda ser parte da sua vida, faria parte do seu convívio real, não precisaria que o orkut as reaproximasse.
Dia desses fui deixar um recado de feliz aniversário para uma pessoa da minha lista do orkut e descobri, através do recado bem abaixo do meu, que ela está grávida. Não tenho o menor convívio com essa pessoa e provavelmente, sem o orkut me permitir acesso à sua vida, saberia do seu bebê quando ele completasse uns 10 anos de idade. No meu caso, aproveitei a “descoberta” para desejar tudo de melhor a ambos. Mas qualquer ser humano sabe que o que mais tem à nossa volta é gente invejosa.
Muitos casais têm problemas com o orkut por causa dos espíritos de porco que deixam recados comprometedores, sem terem, necessariamente, abertura pra agir dessa forma. No orkut, a gente escreve o que quer. Intimidade de verdade seria necessária para que o sem noção pegasse o telefone e discasse o seu número, mas ali você está próxima, distante apenas um clique do mouse. Às vezes você nem se lembra que a pessoa existe e vê a foto dela ali, entre os seus amigos. Para alguns, isso basta para deixar um recado com falsa intimidade.
Além disso, orkut impede que o passado realmente passe. Você pode nem ter mais contato com um ex, mas se o cara continua na sua lista de amigos, tem livre acesso a uma vida da qual ele já não deveria mais compartilhar. Se ambos tinham orkut quando namoraram, os recados continuam lá e, ao contrário do seu sentimento, o que foi escrito não se apagou. Então, o passado está lá, disponível para ser “descoberto” por quem quer que faça parte do presente. Mesmo que seja o homem com quem você vai se casar, ele vai se incomodar quando, com a ajuda do orkut, lembrar-se que não é o primeiro amor da sua vida.
Se na vida real já é tarefa das mais complicadas estabelecer limites e fronteiras, no orkut isso é praticamente impossível. Já me aconteceu de fazer a lista do meu aniversário e me sentir na obrigação de incluir pessoas que vi poucas vezes na vida, mas que em função do constante contato virtual, ficava chato não chamar. Esquisito, muito esquisito.
Deixar o passado passar. Ter contato com quem realmente importa. Ser amigo de quem é amigo mesmo. Estabelecer fronteiras, não ter o conteúdo da sua vida acessado por quem não faça parte de verdade dela. Redes virtuais dificultam um bocado isso. Não é que o orkut seja o vilão da história: é que ele praticamente impossibilita que você restrinja quem faz, de verdade, parte da SUA história.
Muitos textos já abordaram o problema de relacionamentos que “começam” pela internet. As pessoas se conhecem virtualmente, mas não pessoalmente. É, tem gente que se apaixona assim. Nem vou entrar nesse mérito: para mim, o que pode acabar sendo péssimo é utilizar esse mundo virtual em excesso, de modo a deixar de lado o contato real, verdadeiro e claro, insubstituível. Ao contrário do que muitos pensam (inclusive eu pensava), não é exagero, algo que só acontece com os “nerds”. Eu, que sempre fui entusiasta do orkut, que entrei logo no começo da rede e vibrava a cada novo amigo localizado, comecei a perceber as desvantagens deste tipo de rede social.
Primeiro: por mais que haja filtros para restringir a sua privacidade, você não vai conseguir. Simplesmente porque esse é o propósito do orkut e, se não for assim, não tem graça. Eu não adiciono quem não conheço, mas tem gente na minha lista com quem estive pessoalmente poucas vezes na vida. E essas pessoas acabam tendo acesso à minha vida tanto quanto meus amigos de verdade.
Mesmo que você não deixe recados com freqüência pros seus amigos, que não descreva aonde vai e o que faz, invariavelmente alguém vai escrever para você, dizer que adorou te encontrar na boate tal e que não vê a hora de você postar as fotos da viagem que fez pra não sei aonde, sobre a qual comentaram na noite passada. Das duas, uma: ou você passa a viver em função do orkut, acessando a página toda hora para apagar o que te escrevem, ou relaxa sabendo que não só quem escreveu, como qualquer outra pessoa da sua lista de “amigos” do orkut pode ter livre acesso ao que está lá escrito.
Quando a gente entra na rede, se empolga a cada vez que um amigo com quem não tínhamos mais contato nos adiciona. Passados os recados iniciais onde um atualiza o outro sobre como anda a vida, o contato volta a ser nulo. Simplesmente porque aquela pessoa até pode ser querida por você, mas se fizesse algum sentido ela ainda ser parte da sua vida, faria parte do seu convívio real, não precisaria que o orkut as reaproximasse.
Dia desses fui deixar um recado de feliz aniversário para uma pessoa da minha lista do orkut e descobri, através do recado bem abaixo do meu, que ela está grávida. Não tenho o menor convívio com essa pessoa e provavelmente, sem o orkut me permitir acesso à sua vida, saberia do seu bebê quando ele completasse uns 10 anos de idade. No meu caso, aproveitei a “descoberta” para desejar tudo de melhor a ambos. Mas qualquer ser humano sabe que o que mais tem à nossa volta é gente invejosa.
Muitos casais têm problemas com o orkut por causa dos espíritos de porco que deixam recados comprometedores, sem terem, necessariamente, abertura pra agir dessa forma. No orkut, a gente escreve o que quer. Intimidade de verdade seria necessária para que o sem noção pegasse o telefone e discasse o seu número, mas ali você está próxima, distante apenas um clique do mouse. Às vezes você nem se lembra que a pessoa existe e vê a foto dela ali, entre os seus amigos. Para alguns, isso basta para deixar um recado com falsa intimidade.
Além disso, orkut impede que o passado realmente passe. Você pode nem ter mais contato com um ex, mas se o cara continua na sua lista de amigos, tem livre acesso a uma vida da qual ele já não deveria mais compartilhar. Se ambos tinham orkut quando namoraram, os recados continuam lá e, ao contrário do seu sentimento, o que foi escrito não se apagou. Então, o passado está lá, disponível para ser “descoberto” por quem quer que faça parte do presente. Mesmo que seja o homem com quem você vai se casar, ele vai se incomodar quando, com a ajuda do orkut, lembrar-se que não é o primeiro amor da sua vida.
Se na vida real já é tarefa das mais complicadas estabelecer limites e fronteiras, no orkut isso é praticamente impossível. Já me aconteceu de fazer a lista do meu aniversário e me sentir na obrigação de incluir pessoas que vi poucas vezes na vida, mas que em função do constante contato virtual, ficava chato não chamar. Esquisito, muito esquisito.
Deixar o passado passar. Ter contato com quem realmente importa. Ser amigo de quem é amigo mesmo. Estabelecer fronteiras, não ter o conteúdo da sua vida acessado por quem não faça parte de verdade dela. Redes virtuais dificultam um bocado isso. Não é que o orkut seja o vilão da história: é que ele praticamente impossibilita que você restrinja quem faz, de verdade, parte da SUA história.
6 comentários:
Nossa muito bom esse texto!
Quando li o texto fui projetando dentro da minha cabeça as pessoas que estão na minha lista de amigos e que na realidade quase nem falo com eles.KKKKK
Nao gosto de parecer repetitiva....mas fica impossível nao te dar parabens a cada novo texto!
Te desejo cada dia mais SUCESSO SUCESSO E SUCESSO! E que vc se realize sempre atraves dele!
eita! quebra tudo rssrs
essa escritora sempre surpreende!
textos sobre chocolate, paris, rio de janeiro, bahia rs, amores... familia.. relacionamentos em geral...e tb atualidades hehehe
eu como leitor número 1 rsrs estou ansioso para saber o tema do primeiro livro de Maria Carolina Medeiros. hehehehe
parabens mais uma vez!
beijos
Raphael Leta
Muito bom o texto,Carol!
Me encontrei em alguns momentos nele.Mas acho que dá pra selecionar,restringir os contatos, as "amizades" via orkut.Daqui a pouco o facebook irá pelo mesmo caminho...
Carol,
Seus textos estão cada vez melhores. Pa
Entrei para votar no seu blog e me deparei com esse excelente texto que se encaixa perfeitamente na vida dos milhões de usuários do orkut... parabéns!!!!
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